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| Uruguaiana: Cidade sem memória |
Dia desses levei meus filhos para uma
volta sem compromisso por nossa cidade, a cidade onde eles (e eu) nasceram e
que tão pouco conhecem.
Passamos, dentre outros lugares, pela
antiga Refinaria Riograndense, na Rua Eustáquio Ormazabal, inaugurada em 7 de
setembro de 1937, tendo sido a primeira refinaria de petróleo do Brasil.
O local, que hoje pertence à municipalidade, não apresenta mais os antigos ‘tonéis’
(confesso minha ignorância no termo técnico para as estruturas), então decidi
mostrar-lhes fotos de como era a refinaria, afinal, hoje se acha qualquer coisa
como Google, não é mesmo? Não, para minha surpresa não se acha tudo no Google!
Não consegui encontrar sequer uma foto da antiga refinaria para mostrar-lhes.
Uruguaiana segue fiel à sua tradição de
não possuir memória; fato que já inquietava meu pai, que embora quaraiense de
nascimento havia adotado Uruguaiana como sua terra. Lembro-me ainda de um
projeto que tentou implementar no comecinho da década de 1980, de fotografar os
prédios históricos de Uruguaiana para a posteridade, projeto que foi adiado
inúmeras vezes, quer por falta de verba, quer por falta de tempo; até ser tarde
demais e, após um surto de argentinos fazendo compras na cidade, a esmagadora
maioria dos prédios, ou não existiam mais, ou estavam com suas fachadas
irremediavelmente destruídas, transformadas em lojas para captar os pesos dos hermanos. Destarte, ainda antes da
metade da década de 1980, o centro histórico de Uruguaiana deixou de existir
quase que do dia para a noite.
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| Campos Realengos: Livro do professor Raul Pont |
Poucos foram os abnegados que, apesar de
toda a dificuldade, conseguiram trazer alguma luz ao problema, e se esforçaram
para não permitir que nossa memória fosse totalmente apagada e, dentre estes,
cabe destaque ao já falecido professor Raul Pont, que dá nome a um dos museus
históricos da cidade. Ainda lembro daquele velhinho simpático, com quem tantas
horas prazerosas gastei conversando sobre história e sobre seu trabalho. Como
homenagem a ele, batizei o blog com o nome de sua obra magna: Campos Realengos,
uma obra dividida em dois tomos (infelizmente Pont faleceu antes de concluir o
terceiro), contando a história de Uruguaiana desde sua formação geológica.
Bom salientar aqui que não sou
historiador e nem intento sê-lo, sou apenas um cidadão comum que aprecia seu
torrão natal e que quer colaborar para que a memória deste não se perca nas
brumas do tempo; assim, certamente cometerei equívocos, os quais estarei pronto
a corrigir tão logo os perceba.
Importante destacar, também, que
qualquer auxílio (fotos, histórias, causos, dicas...) serão muito bem vindas,
pois este blog não pretende ser algo pessoal, mas sim uma construção coletiva
por todos aqueles que, como eu, amam esta terra e querem ver sua memória
preservada.
Quaisquer contatos (sugestões,
colaborações, críticas...) use o e-mail camposrealengos@gmail.com.

